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terça-feira, 30 de outubro de 2012

SAÚDE OCULAR: importância da prevenção a cegueira infantil


Estima-se que haja no mundo cerca de 1,5 milhão de crianças cegas, e destas aproximadamente 100 mil estão na América Latina. A magnitude do problema é considerada pelo número de crianças cegas x expectativa de vida (1,5 milhão de crianças cegas x 50 anos de expectativa de vida = 75 milhões de anos de cegueira). A cegueira na criança torna-se então uma das prioridades do Programa Visão 2020, uma iniciativa global da Organização Mundial de Saúde (OMS)  e Agência Internacional de Prevenção à Cegueira que tem como objetivo a erradicação da cegueira prevenível e tratável do mundo que corresponde a 60% dos casos.  
O Brasil está inserido neste programa e em todos os estados há desenvolvimento de ações para a Prevenção da Cegueira com apoio da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP) e Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Sociedades Regionais Filiadas.
A Visão é o mais importante órgão sensorial para o desenvolvimento global da criança, visto que 80% das informações que chegam ao cérebro é através da visão.
            Um atraso no diagnóstico e no encaminhamento precoce ocasiona danos importantes no desenvolvimento visual e global da criança. Por isso, é fundamental a realização do TESTE DO REFLEXO VERMELHO em todas as Crianças.

TESTE DO REFLEXO VERMELHO OU TESTE DO OLHINHO
OU TESTE DE BRUCKNER
        
É o mais importante teste de triagem visual que tem como objetivo identificar alterações na transparência das estruturas oculares tais como córnea, cristalino, vítreo além de problemas na retina. É capaz de identificar as principais causas de cegueira na infância. O exame é realizado de  rotina em  todo recém – nascido quando da alta da maternidade e deve ser repetido nas consultas pediátrica e/ou oftalmológica, visto que algumas doenças podem não estar presentes nos primeiros 30 dias de vida e vir a se manifestar posteriormente.

         Onde pode ser realizado?
Berçário, sala de parto, consultório/ambulatório

         Quando pode ser realizado?
Nos primeiros 30 dias de vida e repetido em toda consulta pediátrica e/ou oftalmológica, pois existem doenças que não estão presentes logo ao nascimento.

        Quem pode realizá-lo?  Que habilitação técnica é necessária?

O Médico. Em especial, os Pediatras, Neonatologistas, Oftalmologistas, Médicos da Saúde da Família. É necessário formação – 6 anos de medicina com conhecimento das doenças oculares.   

  Há necessidade de outros profissionais fazerem o teste do olhinho?

Não. Há número suficiente de médicos para a necessidade da população no Brasil.

 Total de médicos ativos no Brasil CFM, set/05): 301.172

 População Brasileira (IBGE, ago/04): 181.581.024

 1 médico para 603 habitantes . A OMS recomenda 1 / 1.000

O Estado do Ceará deu um passo à frente na Prevenção À Cegueira Infantil No Brasil, com a extensão do treinamento do teste do olhinho a 175 municípios (98%) de 22 microrregiões de saúde em 25 Hospitais Pólos. Esta ação é parte de um projeto de pesquisa em saúde que tem o apoio do CNPQ. Projeto este, que envolve parceria com os estudantes do pet medicina/ UFC e instituição privada CAVIV (Centro de Aperfeiçoamento Visual Islane Verçosa) com início desde julho de 2007.

    Qual o material necessário para a realização do exame?

Para o teste é necessário um aparelho de uso exclusivo dos médicos, ooftalmoscópio direto.

Como realizá-lo?
Posicionar o oftalmoscópio direto à aproximadamente 50 cm a 1m dos olhos  da criança, localizar as pupilas simultaneamente, focar entre zero e 3 dioptrias, para a identificação do Reflexo Vermelho (o reflexo que volta refletido da estrutura interna da retina).


   Doenças que podem ser identificadas pelo teste do olhinho?
O “teste do olhinho” pode detectar qualquer patologia que cause alterações na transparência das estruturas oculares tais como córnea, cristalino, vítreo e retina. As doenças que são mais facilmente identificadas pelo teste do olhinho são Catarata Congênita (causa importante de cegueira infantil) e o Retinoblastoma (tumor intraocular mais freqüente na infância). Outras doenças também possíveis de serem identificadas são Retinopatia da Prematuridade, Glaucoma Congênito, Persistência do Vítreo Primário Hiperplásico, Doença de Coats, Toxoplasmose, Toxocaríase, Hemorragia Vítrea, Coloboma e até Altas Ametropias.

 Causas mais freqüentes de cegueira na infância.

Catarata Congênita ocorre em 0.4% dos nascidos vivos e é uma importante causa de cegueira infantil, especialmente nos países “em desenvolvimento”, devido à alta incidência de infecções congênitas, como a rubéola. Nos países do “primeiro mundo”, a maior causa de catarata congênita é genética, geralmente herdada de forma autossômica dominante. Pode ser uni ou bilateral. Ao incidirmos a luz do oftalmoscópio direto sobre as pupilas de um bebê com catarata congênita, o reflexo vermelho não será visto de maneira clara ou uniforme. 

Glaucoma Congênito é na maioria das vezes herdado de forma autossômica recessiva e ocorre em aproximadamente 1 para cada 10:000 nascidos vivos. É geralmente bilateral e assimétrico. O aumento de pressão intra-ocular provoca rupturas no endotélio corneano, levando a edema de córnea. O edema de córnea impede a entrada normal de luz para dentro do olho, o que poderá ser visto ao ser realizado o teste do reflexo vermelho (teste do olhinho). E este aumento de pressão danifica de forma irreversível o nervo óptico causando cegueira. 

Quanto aos Tumores Malignos Intra-Oculares, o Retinoblastoma é o mais freqüente na infância e é uma doença grave pelo risco de causar morte. Existem dois tipos de retinoblastoma: os resultantes de uma mutação somática, onde um fotorreceptor da retina sofreu uma mutação e desenvolveu o tumor, e outra, resultante de uma mutação germinativa (universal), onde todas as células do indivíduo carregam a mutação responsável pelo tumor. O retinoblastoma resultante de uma mutação somática é esporádico, sempre unilateral e raramente congênito. O retinoblastoma decorrente de uma mutação germinativa é transmitido de forma autossômica dominante, é bilateral em 30% dos casos e pode ser congênito. A incidência, em torno de 1 para cada 15 000 nascidos vivos, varia conforme o nível de desenvolvimento da região, sendo maior nos “países do primeiro mundo”, devido ao aumento da sobrevida dos bebês com retinoblastoma que podem transmitir os genes para seus descendentes.

 No Brasil, 60% dos retinoblastomas são diagnosticados tardiamente, quando já não é possível salvar o olho, e às vezes nem a vida da criança. A presença de uma massa intra-ocular pode interferir com o reflexo luminoso que vem da retina, e pode ser detectada pelo “teste do olhinho” por um médico.

Toxoplasmose congênita   é uma doença causada pela infecção do organismo por um protozoário esporozoário parasita, o toxoplasma gondii.  Geralmente é uma doença assintomática  com sintomas muito variados dependendo da imunidade do paciente, contudo  em crianças pode causar lesões oculares graves, ocasionando a perda  da visão pela predileção do toxoplasma pela mácula, causando uma intensa destruição desta região principal da visão.
Entretanto, é importante salientar que este teste é um “screening” para todo bebê normal e não detecta a retinopatia da prematuridade. Caso o bebê seja prematuro (com menos de 32 semanas de gestação ou com peso de nascimento inferior a 1500g), o oftalmologista deve ser chamado para realizar exame de mapeamento de retina entre a quarta e a sexta semana de vida extra-uterina do prematuro.

Fontes:
Ferreira rc. Como diagnosticar a segunda maior causa de cegueira infantil no país: retinopatia da prematuridade. Rev soc cat oftalmol. 2001;6:6-8.
Belfort, r. Jr., orefice, f.. Uveítes. Conselho brasileiro de oftalmologia, 2007.
Verçosa, IC, Tartarella,MB. Catarata na Criança. 2008



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