Pesquisar este blog

terça-feira, 6 de agosto de 2013

CEGUEIRA NO BRASIL..causas e números

Cegueira na população brasileira: 0,3% da população em regiões de boa economia e com bons serviços de saúde; 0,6% da população em regiões de razoável economia e com pobres serviços de saúde; 0,9% da população em regiões de pobre economia e com pobres serviços de saúde; 1,2% da população em regiões de muito pobre economia e com muito pobres serviços de saúde. Para o ano de 2004, as estimativas sobre o número de cegos no Brasil oscilavam entre 1 milhão e 1,2 milhões de pessoas: População Pobre: 85 milhões X 0.9% = 765.000 População Intermediária: 69 milhões X 0.6% = 414.000 População Rica: 16 milhões X 0.3% = 48.000 / Total = 1.227.000. Deficientes Visuais no Brasil: em 2004, cerca de 4 milhões de pessoas (acuidade visual no melhor olho entre 20/60 e 20/400). 60% das cegueiras são evitáveis; 90% dos casos de cegueira ocorrem nas áreas pobres do mundo; 40% têm conotação genética (são hereditárias); 25% têm causa infecciosa e 20% das cegueiras já instaladas são recuperáveis. Cegueira no adulto: As quatro maiores causas são a catarata, o glaucoma, o diabetes (via retinopatia diabética e suas complicações) e a degeneração macular relacionada à idade. Outras incluem o tracoma, os traumatismos, as uveorretinites, o descolamento de retina, as infecções, tumores e hipertensão arterial. Cegueira Infantil: Anomalias do desenvolvimento, as infecções transplacentárias e neonatais (como exemplo, a toxoplasmose, a rubéola, a sífilis), a prematuridade, os erros inatos do metabolismo, as distrofias, os traumas e os tumores. Degeneração macular relacionada à idade (DMRI): É a causa mais comum de cegueira irreversível no Ocidente. Estudos recentes sugerem que cerca de 10% das pessoas entre 65 e 74 anos e aproximadamente 30% dos maiores de 75 anos são afetados, em alguma extensão, pela DMRI. Com essas cifras, calculamos que aproximadamente 2.902.400 mil brasileiros, acima de 65 anos, sofrem de DMRI em estágios variados de evolução. Existem dois tipos de DMRI: a forma atrófica ou seca, responsável por cerca de 90% dos casos e a forma exsudativa ou úmida, compondo os 10% restantes. Fatores de risco: idade (o mais importante), sexo (as mulheres são mais afetadas), hereditariedade (10 – 20% dos doentes têm antecedentes familiares), pigmentação ocular (a DMRI acomete mais os indivíduos brancos, e entre esses, os que têm íris azuis), tabagismo, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, hipermetropia e fatores ambientais, como a fototoxicidade (luz branca e ultravioleta) e a nutrição. Diabetes: Os dados são alarmantes e as projeções assustam. Segundo a Organização Mundial de Saúde e a Federação Internacional de Diabetes (FID), em 2025 o mundo terá 300 milhões de diabéticos.

 No Brasil, 7,8% da população é diabética (13.260.000 brasileiros) e cerca de 50% das pessoas diabéticas (6.630.000) têm o risco de desenvolver retinopatia diabética. Os obesos representam a maior taxa de risco: 2% dos adolescentes obesos são diabéticos e 12% têm intolerância à glicose. Observa-se um aumento das doenças associadas ao diabetes mellitus: hipertensão arterial, hiperuricemia, hipertrigliceridemia e baixo nível de HDL (o colesterol bom). O estresse da adaptação (pessoas vindas do campo para a cidade), a ansiedade e a angústia, somados à obesidade e ao sedentarismo, são fatores causais importantes. Existem dois tipos de diabetes: o tipo I, infantil ou insulinodependente e o tipo II, do adulto, não-insulinodependente. No primeiro grupo, cerca de 25% dos pacientes desenvolverão retinopatia diabética após 5-10 anos de evolução da doença. Cerca de 70% terão essas alterações após 10 anos e 90% após os 30 anos de evolução. No segundo grupo: 10% dos pacientes apresentam sinais da retinopatia na data do diagnóstico; 25% após 10 anos de evolução da doença e 60% após 15 anos. Fatores de risco para o agravamento da retinopatia diabética: a duração da doença, pressão arterial elevada, íris azul ou cinza, fumo, gravidez, hormonioterapia, uso de drogas e a cirurgia de catarata. Vícios de refração Miopia: Maior que 1 dioptria = 1D. 16% da população geral.

 A miopia degenerativa representa cerca de 10% da população miópica. Significa que o Brasil, com 170 milhões de habitantes, tem 27 milhões de míopes e 2,7 milhões de pessoas com miopia degenerativa. Hipermetropia: Maior que 1 dioptria. 34% da população geral. Emetropia: 50% da população geral. Presbiopia: para os 45.464.321 brasileiros acima dos 40 anos de idade. Catarata Senil: Ainda é considerada a maior causa de cegueira no mundo. Sua incidência é de 17.6% nas pessoas entre 55 e 65 anos; 47.1% no grupo entre 65-74 e 73.3% nos pacientes acima de 75 anos. Calcula-se que existia até 1997 cerca de 600.000 cegos por catarata no Brasil, com incidência anual de 20% (ou 120.000 novos casos/ano). Com o aumento do número de cirurgias de catarata, a partir de 1998, estima-se que a prevalência atual seja de aproximadamente 350.000 cegos por catarata.

Catarata Congênita: Responsável por grande parte dos casos de deficiência visual na infância, quando presente bilateralmente. Nos casos unilaterais, ela pode ocasionar ambliopia severa, necessitando de tratamento prolongado. A catarata congênita é uma das mais comuns anomalias do olho e se situa entre 10 e 39% de todas as causas de cegueira em crianças. A extensão do problema pode ser melhor avaliada se nos lembrarmos de que 1 entre 250 recém-natos (0,4%) tem alguma forma catarata congênita. 38% das cataratas congênitas são causadas por doenças infecciosas contraídas pela mãe durante a gestação e portanto evitáveis. As principais causas são: Rubéola, Sífilis, CMV e Toxoplasmose.

Glaucoma: É a terceira maior causa de cegueira no Brasil. O tipo mais freqüente é o glaucoma crônico de ângulo aberto. Sua incidência é de 1-2% na população geral. Aumenta após os 40 anos, podendo chegar a 6-7% após os 70 anos. O acometimento é bilateral na grande maioria dos casos. Caráter hereditário e os parentes em 1º grau dos portadores têm 10 vezes mais chances de desenvolver a doença. Estima-se que existam 450 a 500 mil brasileiros glaucomatosos. Os danos visuais causados pelo glaucoma são irreversíveis. Por tratar-se de uma doença crônica, incurável, temos grande preocupação com a fidelidade do paciente ao tratamento, para o seu controle adequado.

Descolamento de retina: É difícil levantar dados estatísticos fidedignos em relação à incidência e prevalência do descolamento de retina, mas vários estudos epidemiológicos bem conduzidos apontam uma incidência anual de cerca 1:15.000 na população geral. Presumindo-se que cada pessoa é vulnerável ao descolamento durante 50 anos de sua vida, a prevalência é de aproximadamente 0.3% da população. Se centrarmos nosso cálculo apenas na população acima dos 9 anos de idade (140 milhões de habitantes), estimamos que 400.000 brasileiros têm ou poderão ter descolamento de retina. Essa prevalência é maior entre os altos míopes (5%). Entre os áfacos é de 2%, podendo chegar a 10% nas facectomias acidentadas (felizmente hoje extremamente raras) com perda de vítreo, por exemplo. As associações mais comuns ao descolamento de retina são a miopia, a afacia (incluindo a pseudofacia) e os traumas. Aproximadamente 40-55% de todos os pacientes com deslocamento de retina são míopes, 30-40% são áfacos, ou pseudofácicos e 10-20% têm história de trauma ocular direto. A incidência familiar do descolamento de retina idiopático e sua bilateralidade é observada em 3,5% e 13,3% dos casos, respectivamente. Trauma Ocular: 90% dos traumas oculares podem ser prevenidos. Os traumas domésticos correspondem a 40-45% do total de acidentes oculares, e 26.9% das feridas perfurantes oculares acontecem no ambiente doméstico. Do total desses traumas perfurantes, 30.3% são devidos a objetos volantes (fragmento de vidro ou porcelana), 30.3% à contusão, 21.1% a objetos pontiagudos, 8.2% a explosões e 6.4% causados por projéteis (Bonanomi MTBC, Alves MR, Kara-José N & Souza Jr. NA. Ferimento perfurante do globo ocular em adultos. Arq. Bras. Oftal. 43; 81-07,1980). Convém ressaltar que 79.1% dos traumas oculares em crianças ocorrem em casa, sendo faca, garfo e tesoura responsáveis por mais de 50% dos ferimentos oculares perfurantes vitimando crianças na faixa etária de 1-10 anos. Em crianças menores de 5 anos, o cigarro foi a causa de 31.8% das queimaduras oculares. A auto-agressão foi responsável por 46% dos traumas infantis contra somente 10.1% de agressão intencional. De maneira geral, os acidentes domésticos em crianças são mais freqüentes e mais graves que os ocorridos na escola, pois nessa os objetos mais usualmente relacionados ao trauma não estão ao alcance da criança (Kara-José N, Alves MR, Almeida GV, Sampaio MW, Milani JÁ & Paulino E. Subsídios para o estudo do trauma ocular. Publicação do Depto. de Oftalmologia da fac. Ciências Médicas da Unicamp, 1984). Entre os agentes causais de acidentes oculares apontamos a explosão de garrafas de refrigerantes carbonados, o vidro (com significativa participação de fragmentos de garrafas), explosão de vidro de esmalte, bombas juninas, e chumbinhos de espingardas de pressão.

Os acidentes automobilísticos constituem a principal causa de ferimentos perfurantes do globo ocular entre vítimas atendidas no Hospital das Clínicas da FMUSP. Os acidentes oculares do trabalho constituem um dos mais sérios problemas enfrentados pela medicina do trabalho, representando um importante fator de cegueira profissional (Kara-José N & Alves MR. O trauma ocular como causa de cegueira no Brasil. In: Trauma Ocular. Moreira Jr. CA, Freitas D & Kikuta HS. Biblioteca Brasileira de Oftalmologia, 1997, Rio de Janeiro, p.1-4). Estrabismo: Incidência de 3 a 5% na população geral, é uma das maiores causas de ambliopia na criança. Requer tratamento precoce e os pais devem levar as crianças ao oftalmologista tão logo notem qualquer desvio ocular. Atualmente, orientamos para que a primeira consulta oftalmológica seja feita por volta dos três anos de idade, e não mais aos sete como até pouco. Ambliopia: 2 a 5% da população geral.

Retinopatia da Prematuridade: 30.000 casos por ano no Brasil. Estima-se que o genoma humano contenha de 30.000 a 60.000 genes, os quais são responsáveis por algo em torno de 3.900 doenças hereditárias conhecidas segundo o catálogo de McKusick: Herança mendeliana no homem. Calcula-se também que cada pessoa tenha, pelo menos, um gene recessivo predispondo os descendentes a doenças hereditárias.


Texto adaptado, com trechos totalmente ou parcialmente transcritos a partir do trabalho dos médicos oftalmologistas Elisabeto Ribeiro Gonçalves, Marcos Ávila e Nelson Louzada, para o projeto "Pequenos Olhares", do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.