O maior risco é a hipoglicemia moderada que não é percebida por 50% dos diabéticos e altera a capacidade de dirigir em 35% dos portadores. Acidentes de trânsito são o segundo maior problema de saúde pública no Brasil e só perdem para a desnutrição segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). Respondem por um custo anual de R$ 24,6 bilhões ao país conforme estudo do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas).
Para Leôncio Queiroz Neto, oftalmologista do Instituto Penido Burnier e diretor médico do Banco de Olhos de Campinas, o diabetes pode aumentar ainda mais o número de acidentes no país, considerando a prevalência da doença que hoje atinge 10 milhões de brasileiros e deve chegar a 16,5 milhões de portadores em 2025. Perito em medicina do trânsito e membro da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego) o oftalmologista explica que ao contrário do que se possa imaginar, entre diabéticos o perigo de acidentes não está relacionado á hiperglicemia, aumento da glicose no sangue que caracteriza a doença.
O maior risco é a hipoglicemia, queda repentina da glicose na corrente sanguínea. Isso porque, o tempo entre o sintoma e a necessidade de correção é muito curto e a queda leve de glicemia não é percebida por 50% dos diabéticos apesar de reduzir a capacidade de dirigir em 35% dos portadores. Além disso, só 3 em cada 10 motoristas param de trafegar quando percebem os sintomas, comenta. O problema, observa, é mais comum na fase de adaptação ao medicamento, mas também pode ocorrer por irregularidade nos horários de alimentação ou excesso de exercício físico.
Em casos extremos colocar a vida do diabético em risco. As falhas mais comuns na direção decorrentes da hipoglicemia leve são os desvios de direção, guinadas, saídas da pista, excesso de velocidade, condução lenta e freadas ou acelerações bruscas. O especialista afirma que os sinais da hipoglicemia moderada são: ofuscamento visual, súbita piora na visão de perto (hipermetropia), tremor, sudorese, taquicardia, náusea, tontura e falha de atenção. Se não for corrigida pode progredir até o estado de coma, alerta.
As dicas do médico para evitar acidentes no trânsito são:
- Não dirigir no início do tratamento, troca de medicação ou dosagem.
- Carregar doces no veículo, em locais de fácil acesso.
- Realizar teste de glicemia capilar 1 hora antes de dirigir e 4 horas após direção contínua.
- Fazer exames de vista anualmente.
- Afastar-se da direção em casos de macro ou micro angiopatia e neuropatia.
Diabéticos têm variações nos vícios de refração e maior propensão a doenças oculares que aumentam perigo no trânsito noturno. Metade dos diabéticos não sabe que tem a doença que em estágio inicial não apresenta sintomas. Queiroz Neto conta que muitas pessoas descobrem que são diabéticas durante a consulta oftalmológica. São pacientes que têm uma repentina dificuldade de enxergar de longe causada pela hiperglicemia.
Ele explica que isso acontece porque o aumento da glicose na corrente sanguínea leva ao acúmulo de água na parte posterior do cristalino que induz à miopia. À medida que a glicose no sangue retorna ao nível normal o cristalino volta ao tamanho original e a miopia induzida desaparece. A repetição dessas mudanças no cristalino, observa, predispõe diabéticos a terem catarata que torna a visão embaçada. As alterações metabólicas também enfraquecem os músculos.
Nos olhos, comenta, pode ocorrer a perda parcial do movimento de um ou dois músculos que levam o diabético a ter visão dupla. Quem tem a doença há mais de 10 anos devem fazer consultas oftalmológicas semestralmente, adverte. Isso porque o diabetes enfraquece a parede dos vasos sanguíneos da retina, conjunto de fibras nervosas na parte posterior dos olhos que leva luz ao nervo óptico onde se processam as imagens. O controle de hemorragias e surgimento de neovasos através de medicação intra-ocular e aplicações de laser impedem o surgimento da retinopatia diabética que ainda é a maior causa de cegueira irreversível no Brasil.
De acordo com Queiroz Neto, à noite a miopia, astigmatismo, glaucoma e catarata pioram devido à falta de iluminação suficiente que diminui o contraste das imagens e a noção de profundidade. O reflexo do motorista também fica mais lento porque entre míopes e astigmáticos a noção de distância em relação aos outros veículos é maior do que a real. Além disso, manter o foco na estrada durante a noite, exige mais da musculatura ocular o que compromete a acomodação.
Ele ressalta que a a carta de habilitação pode restringir a direção aos o por do sol e por isso a redução da visão noturna não desabilita o motorista. Entre as dicas para reduzir os riscos de acidentes, destaca:
- Manter o grau dos óculos atualizado.
- Dar preferência por lentes anti-reflexo e com proteção UV.
- Certificar-se que os óculos de sol têm proteção UV, pois lentes sem proteção aumentam em 60% o risco de surgir catarata.
- Manter o pára-brisa limpo e descansar durante o percurso.
Leôncio de Souza Queiroz Neto.
MAU USO DOS COLÍRIOS PODE CAUSAR CATARATA
A maioria das pessoas pensa que eles são inofensivos e usa à vontade, sem nem olhar o rótulo. Pior ainda: tem gente que usa o colírio dos outros na maior despreocupação. Um erro grave, colírio é igual à escova de dentes: cada um precisa do seu para evitar contaminações, afirma o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, hospital especializado em doenças dos olhos desde 1920.
A escolha do medicamento também exige orientação médica. Colírios antibióticos, usados por tempo prolongado, reduzem a resistência imunológica e aumentam a predisposição a úlceras na córnea e a outras infecções, afirma o médico. Já os antiinflamatórios hormonais (com corticóide) podem causar catarata e glaucoma.
Até os populares vasoconstritores, usados para reduzir irritações oculares, aumentam o risco de catarata pelo uso prolongado. Outra surpresa: o uso de pílulas anticoncepcionais à base de estrógeno está relacionado à síndrome do olho seco (quando há baixa na produção de lágrimas), exigindo o uso de umidificadores.
Até os populares vasoconstritores, usados para reduzir irritações oculares, aumentam o risco de catarata pelo uso prolongado. Outra surpresa: o uso de pílulas anticoncepcionais à base de estrógeno está relacionado à síndrome do olho seco (quando há baixa na produção de lágrimas), exigindo o uso de umidificadores.
Um estudo conduzido pelo oftalmologista do Instituto Penido Burnier demonstrou ainda que o mau uso do colírio atinge 67% dos tratamentos. Os erros mais comuns são a contaminação do bico dosador pelo contato com o dedo ou mucosa ocular, piscar várias vezes após a instilação (colocando o medicamento para fora dos olhos), automedicação com o colírio inadequado e absorção do medicamento pelo organismo (para evitar efeitos colaterais sobre o organismo é necessário ocluir com o dedo indicador o ducto lacrimal na extremidade interna do olho. Este simples cuidado evita, por exemplo, alterações cardíacas em casos de uso de colírio vasoconstritor).
Que tipos de colírios existem?
Os principais tipos de colírio são: antibiótico, antiinflamatório hormonal (com corticóide) e não hormonal (sem corticóide), antialérgico, vasoconstritor, lubrificante, antiglaucomatoso (para tratamento de glaucoma) e os anestésicos.
Quais deles dilatam a pupila? E quais os riscos de fazer isso mais de uma vez ao dia?
Os colírios que dilatam a pupila são os derivados de adrenalina. Entretanto, a pupila de pessoas que têm maior sensibilidade, comum entre as de olhos claros, pode dilatar após o uso de outros tipos de colírio. O risco do uso freqüente é a ocorrência de uma crise de glaucoma agudo, caracterizada por dor intensa e perda repentina do campo visual. Pode acontecer se a pessoa tiver a câmara anterior rasa (espaço pequeno entre a córnea e a íris).
Contra que problemas os colírios com antiinflamatórios são usados?
São usados nos pós-operatórios e contra a conjuntivite viral, para reduzir o desconforto, e em todos os processos inflamatórios dos olhos como: blefarite (inflamação da pálpebra), irite (inflamação da íris parte colorida dos olhos), episclerite (inflamação do tecido que cobre a esclera - parte branca dos olhos), esclerite (inflamação da esclera) e uveíte (inflamação dos tecidos da uvéa que inclui íris, corpo ciliar e coróide).
No que diferem os sintomas da conjuntivite viral e da bacteriana?
A diferença nos sintomas é a secreção aquosa na conjuntivite viral e amarelada na bacteriana. Além disso, o vírus que provoca a conjuntivite tem apresentado grande poder de replicação, ganhando mais resistência. Há casos de pessoas que ficam por mais de um ano com o vírus nos olhos, replicando-se (o que compromete a região central da córnea e causa baixa acuidade visual). É necessário usar corticóide para combater a inflamação. Mas o uso prolongado é perigoso, porque pode levar à catarata (opacificação do cristalino) e ao glaucoma, doença assintomática que é a maior causa de cegueira irreversível.
Por que os adultos sofrem mais com a conjuntivite viral?
Eles estão mais expostos a situações de estresse que reduzem a imunidade. Além disso, estudos mostram que conforme a idade avança há uma redução de produção da lágrima (cuja função é proteger nossos olhos). Outro fator que contribui para esta maior incidência da conjuntivite viral entre adultos é o uso de lentes de contato, o que também contribui para o maior ressecamento da lágrima.
E os antibióticos, eles combatem que tipos de doenças dos olhos?
Os antibióticos combatem todos os processos infecciosos. O mais comum é a conjuntivite bacteriana, que tem maior incidência no verão. A doença atinge mais as crianças. Isso porque elas costumam ficar por mais tempo na água do mar ou piscinas que muitas vezes está contaminada.
O que muda de um colírio antiinflamatório com corticóide para outro, sem?
A grande diferença está no efeito. O antiinflamatório hormonal (com corticóide) tem uma ação mais agressiva, com maior penetração e maior poder sobre as células inflamatórias. Mas só deve ser usado em casos graves por causa dos efeitos colaterais.
Qual o período máximo que esses produtos podem ser usados sem risco?
Varia de acordo com a fórmula, a doença e a sensibilidade de cada pessoa. Em geral combatem as doenças em até duas semanas, mas devem ser usados sempre com acompanhamento médico. Isso porque, antibióticos, usados por tempo prolongado, reduzem a resistência imunológica e exigem atenção médica por aumentarem a predisposição a úlceras na córnea e a outras infecções. Já os antiinflamatórios hormonais (com corticóide),quando usados prolongadamente, podem causar catarata e glaucoma. Até um colírio vasoconstritor, usado para reduzir irritações oculares, pode causar catarata pelo uso prolongado.
Os efeitos colaterais restringem-se aos olhos?
Quando pingamos colírio, devemos tampar o canal (ducto) lacrimal na extremidade interna do olho. Através deste canal, o medicamento penetra nas mucosas da rino-faringe e passa à circulação sanguínea. Com isso, os princípios ativos passam a agir não apenas nos olhos, mas em todo o organismo. Por isso, pessoas que já têm propensão a alterações cardíacas podem ter o problema agravado com o estreitamento de todas as veias e artérias do corpo ao aplicar um colírio vasoconstritor, por exemplo.
Qual a diferença de ação no aparelho ocular entre um colírio antiinflamatório e um antibiótico?
O colírio antiinflamatório combate processos de inflamação caracterizada por desconforto, coceira, vermelhidão e inchaço causados por vírus, trauma ou resposta a um processo alérgico provocado pelo contato com agentes químicos como
cloro, maquiagem ou cremes. Só são indicados antiinflamatórios hormonais quando em casos graves de inflamação ou alergia. Já o colírio antibiótico combate as infecções que são causadas por bactérias (caracterizadas pelo prurido amarelado nos casos de conjuntivite.
cloro, maquiagem ou cremes. Só são indicados antiinflamatórios hormonais quando em casos graves de inflamação ou alergia. Já o colírio antibiótico combate as infecções que são causadas por bactérias (caracterizadas pelo prurido amarelado nos casos de conjuntivite.
As soluções lubrificantes, para quem usa lentes de contato, oferecem algum risco?
Sem dúvida, quem usa lentes de contato deve lubrificar os olhos com lágrima artificial para reduzir o desconforto causado pela poluição, ar condicionado, horas em frente ao computador e até o uso das lentes por muitas horas. De preferência, ressalta, a lágrima artificial não deve conter conservante para que não cause processos alérgicos que inviabilizam o uso das lentes. As embalagens e bulas trazem esta informação. Todo produto que tem validade após ser aberto contêm fórmula à base de conservantes. Os produtos livres deles são os manipulados que, geralmente, são vendidos em dose única diária, pois na falta de conservantes a vida útil é sempre mínima. Existem só três tipos de conservantes que são usados para todos os tipos de colírio, e algumas pessoas são alérgicas a estas substâncias. A lágrima artificial sem conservante não oferece risco à saúde ocular.
Aquelas loções, no estilo Renu, podem ser usadas sem medo?
A manutenção das lentes de contato deve combinar solução multiuso e limpador enzimático para garantir que as lentes fiquem livres de depósitos protéicos, principalmente para quem troca de lente anualmente ou tem filme lacrimal oleoso. Estudos demonstram que só a solução multiuso não é suficiente para eliminar totalmente os depósitos protéicos das lentes. Mas há casos de desenvolvimento de alergia às substâncias dessas soluções, por isso a adaptação às lentes deve ter acompanhamento médico, ressalta. Além disso, a qualquer desconforto, o uso das lentes deve ser interrompido e há necessidade de uma consulta para verificar se houve alguma alteração importante na saúde dos olhos.
As fórmulas no estilo Moura Brasil e Lavolho servem para quê? Elas também são perigosas?
Estes colírios são vasoconstritores, usados para reduzir irritação ocular que pode ser provocada por diversos agentes. Só devem ser usados sob prescrição médica porque, ao deixarem os olhos brancos, podem mascarar doenças e pode causar a catarata. Esse tipo de colírio também causa contaminação ocular, porque geralmente é usado por toda família, um erro. Colírio é igual à escova de dentes, cada pessoa deve ter o seu para evitar que aconteçam contaminações.
Quem trabalha em frente ao computador tem como se prevenir dos olhos secos?
Nossos olhos não foram feitos para fazer leitura vertical. Não é à toa que 75% dos usuários de computador têm Síndrome da Visão no Computador (CVS). As principais recomendações do médico para evitar o ressecamento da lágrima são:
- Posicionar o monitor de 10 a 20 graus abaixo do nível dos olhos.
- A cada hora, descansar de 5 a 10 minutos, saindo de frente do computador.
- Piscar voluntariamente quando estiver usando o micro.
- Posicionar o monitor de 10 a 20 graus abaixo do nível dos olhos.
- A cada hora, descansar de 5 a 10 minutos, saindo de frente do computador.
- Piscar voluntariamente quando estiver usando o micro.
Os cuidados que reduzem o cansaço visual são:
- Manter a tela do monitor à distância de 60 cm dos olhos.
- O monitor não deve ficar de frente para a janela, pois a luminosidade causa ofuscamento, e nem de costas (a posição forma sombras e reflexos que causam desconforto).
- Evitar excesso de luminosidade das lâmpadas e luz natural, pois as pupilas se contraem e geram cansaço visual.
- Regular sempre a tela com o máximo de contraste, e não de luminosidade.
- Manter a tela do monitor sempre limpa.
- Manter a tela do monitor à distância de 60 cm dos olhos.
- O monitor não deve ficar de frente para a janela, pois a luminosidade causa ofuscamento, e nem de costas (a posição forma sombras e reflexos que causam desconforto).
- Evitar excesso de luminosidade das lâmpadas e luz natural, pois as pupilas se contraem e geram cansaço visual.
- Regular sempre a tela com o máximo de contraste, e não de luminosidade.
- Manter a tela do monitor sempre limpa.
O que pode ocasionar uma baixa na produção de lágrimas?
A redução na produção de lágrima pode estar relacionada a fatores externos excesso de ar condicionado, ar seco típico do inverno, uso intensivo do computador e uso de alguns medicamentos, como antialérgicos e pílulas anticoncepcionais feitas só com estrógeno. A reposição hormonal feita só com este hormônio também aumenta o olho seco. Fiz um estudo que demonstra o seguinte: mulheres na pós-menopausa que fizeram a reposição hormonal associando estrogênio e progesterona apresentam 35% menos olho seco, em comparação às que utilizaram apenas o estrogênio. Quem usa medicamentos para tratamento de disfunções da tireóide e diabéticos que tomam medicamentos hipoglicêmicos também têm redução da produção lacrimal.
Por que as lentes gelatinosas ressecam os olhos?
As lentes hidrofílicas, embora mais confortáveis, hidratam-se da própria lágrima e podem causar o desconforto do olho seco a qualquer pequena redução da produção lacrimal. Vale lembrar que, durante a noite, a produção de lágrima é menor. Por isso, ele diz que dormir com lentes de contato pode agravar ainda mais o olho seco.
Que tipo de colírio pode ser usado contra irritação da água do mar, da piscina ou de ambientes poluídos?
O mais indicado é usar compressas frias feitas com água potável. Não desaparecendo a irritação em dois dias, procure um oftalmologista.
Ficar sem usar colírio, com os olhos irritados, faz mal?
Certamente. Quando a irritação persiste por mais de dois dias usando compressas frias, com água filtrada, é sinal de que há uma doença latente que deve ser tratada com medicamentos. Importante ressaltar que nenhum colírio deve ser usado sem prescrição e acompanhamento médico. O brasileiro ainda acredita que colírio é uma água refrescante. Mas se trata de um medicamento, que exige controle de um especialista para prevenir lesões.