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sábado, 27 de agosto de 2011

RETINOPATIA DA PREMATURIDADE

Inicialmente conhecida como Fibroplasia Retrolental, a Retinopatia da Prematuridade (RP) foi reconhecida pela primeira vez, em 1941 por Paul Chandler e Frederick Verhoeff. A retinopatia da prematuridade é uma doença bilateral da retina periférica relacionada à formação anômala dos vasos sanguíneos que atinge recém-nascidos prematuros e sua severidade apresenta uma relação inversa à idade gestacional e ao peso da criança ao nascimento. Em alguns casos, o tecido de novos vasos formados em decorrência da vascularização incompleta da retina pode não regredir espontaneamente evoluindo para uma proliferação fibrovascular em direção ao humor vítreo, formando membranas e trações retinianas. O descolamento da retina pode ser decorrente dessas trações.
Retinopatia é uma doença que pode levar à perda da visão em bebês prematuros, e é hoje a maior causa de cegueira infantil na América Latina. Atinge principalmente os bebês prematuros ou com baixo peso ao nascimento (os bebês nascidos antes de 36 semanas e com peso abaixo de 1600 gramas são os mais propensos). A retinopatia da prematuridade é o crescimento desorganizado dos vasos sangüíneos que suprem a retina (camada mais interna do globo dos olhos) do bebê. Esses vasos podem sangrar e, em casos mais sérios, a retina pode descolar e ocasionar a perda da visão da criança. Ocorre por que o olho do bebê prematuro ainda não terminou o desenvolvimento necessário quando saiu da barriga da mãe. Os vasos que nutrem a retina (que é a parte do olho que capta a visão) ainda não terminaram o desenvolvimento na hora que o prematuro nasceu, e vão ter que crescer num ambiente diferente daquele controlado na barriga da mãe. Assim, alguns podem desenvolver vasos frágeis que sangram dentro do olho e a retina pode descolar da esclera (casca branca do olho), causando a perda de visão. Isso acontece mais nos bebês prematuros pela imaturidade desses vasos sanguíneos. Os vasos terminam de se formar até o final da gestação e nos prematuros não estão totalmente formados. Mesmo crescendo após o nascimento prematuro, podem crescer de modo desarranjado, ocasionando a retinopatia.

Outro fator que pode ocasionar a doença é o uso irracional de oxigênio no berçário. As Unidades de Terapia Intensiva não podem abrir mão do uso do oxigênio para salvar vidas ou para não deixar seqüelas cerebrais, mas o nível de oxigênio usado pelos médicos é mais baixo do que antigamente, sem que isso cause dano ao bebê ou aumente a possibilidade de retinopatia. A incidência dessa doença aumentou devido à tecnologia avançada da medicina que permite a sobrevida de bebês cada vez menores. Atinge meninos e meninas de maneira igual, um terço dos bebês com peso inferior a 1500 gramas e mais de 80% dos bebês com peso inferior a 1000 gramas.


A avaliação da acuidade é importante e pode ser feito através do teste de olhar preferencial com os Cartões de acuidade de Teller. Quando o descolamento de retina está presente, devemos pesquisar em qual campo visual a criança percebe os estímulos visuais. Mesmo com respostas desencorajadoras, a prescrição da correção óptica deve ser considerada.

As respostas visuais dos bebês devem ser monitoradas pelo menos a cada três meses durante o primeiro ano de vida. Muito do que seria considerado baixa visão, na realidade trata-se de um atraso do desenvolvimento que pode ou não vir associado a outras deficiências, em especial em crianças prematuras.

A visão é a principal forma de comunicação e aprendizado no primeiro ano de vida interferindo consideravelmente no desenvolvimento global do lactente e a presença de uma alteração ocular nesse período constitui uma barreira para a este desenvolvimento. A estimulação visual e o trabalho conjunto entre terapeutas e oftalmologistas são fundamentais para que o lactente tenha a oportunidade de desenvolver ao máximo seu resíduo visual ao longo dos primeiros anos de vida. Na realidade, nesses casos realiza-se uma habilitação visual e quanto mais precoce, melhores os resultados obtidos.

Nos Estados Unidos, em 1953, a RP foi responsável por 7.000 casos de cegueira. O uso controlado de oxigênio pelos médicos fez com que a proporção de cegueira causada por RP, somente nos Estados Unidos, caísse de 50% em 1950 para 4% em 1960. Atualmente, a incidência de retinopatia da prematuridade nos Estados Unidos é de 0,12% do total de nascimentos ou, um caso para cada 820 recém-nascidos e estima-se 300 novos casos de cegueira por RP neste país por ano. No Brasil, alguns estudos apontam um aumento dos casos de RP, principalmente em grandes centros. Estima-se que 16.000 recém-nascidos apresentem RP anualmente sendo que 10% destes podem ficar cegos caso não sejam tratados.

Oftalmologistas no mundo todo observaram que, ao lado dos avanços recentes da neonatologia, que têm garantido a sobrevivência de recém-nascidos prematuros de muito baixo peso, presencia- se uma elevada incidência da retinopatia da prematuridade (RP). A doença, que acomete o bebê prematuro, cuja retina não se encontra completamente vascularizada e pronta para entrar em contato com o ambiente externo, pode levar ao descolamento dessa parte do olho e até mesmo à perda da visão. Segundo a OMS, as principais causas da cegueira na infância variam de região para região e são determinadas, em grande medida, pelas condições socioeconômicas e pela disponibilidade e eficácia dos serviços de atenção primária e de cuidado ocular. Nos países em desenvolvimento, a retinopatia da prematuridade é apontada como uma importante causa da cegueira infantil, ao lado de outras doenças comuns também em países mais ricos, como catarata, anomalias congênitas e distrofias hereditárias da retina. Somente no Brasil, a Agência Internacional de Prevenção à Cegueira estima que 33.000 crianças estejam cegas por doenças oculares que poderiam ter sido evitadas ou tratadas precocemente, e que pelo menos 100.000 têm alguma deficiência visual. No caso da retinopatia da prematuridade, o diagnóstico pode ser feito no recém-nascido por meio de exames adequados ao tipo de ocorrência da doença em cada Unidades de Terapia Intensiva Pediátricas (UTIs). Em geral, é recomendável que todo bebê prematuro de até 32 semanas de gestação ou que tenha peso de nascimento inferior a 1.500 g seja examinado por um oftalmologista capacitado e com equipamento apropriado ainda nas primeiras semanas de vida.


Sites:

www.institutodavisao.med.br/.../pt.../noticias.php

www.v2020la.org/pub/boletin_7/JotaZero_6-9.pdf

portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/relatorio_metodocanguru





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