Ser deficiente representa a superação de obstáculos a serem transpostos. Neste sentido, para não ser excluído, afirma ROSS (1998), a pessoa com deficiência precisa esforçar-se mais para mostrar sua capacidade e potencialidade. A deficiência visual aparece neste contexto social como um impedimento do sujeito para desenvolver suas outras capacidades, de gestão, de tomada de decisão e criatividade, mas este estado físico não afeta a produção intelectual. A família tem papel fundamental para auxiliar na superação destes obstáculos, ela é o pilar de sustentação para que as pessoas com deficiência possam seguir em frente, passando, então, por um longo processo de superação até chegar à aceitação da nova realidade.
Esta é história de uma pessoa com deficiência visual, que como muitos que conhecemos é um exemplo de superação, perdeu totalmente á visão na idade adulta, tem retinose pigmentar uma alteração hereditária rara, na qual a retina degenera de forma lenta e progressiva, conduzindo finalmente à cegueira. A retinose ataca retina causando destruição das suas células; perde-se pouco a pouco a visão, primeiro a noturna depois a diurna, a perda de percepção das cores e tonalidades e contrastes ocorre de forma gradual.
A pessoa cega é suficientemente capaz de executar qualquer tipo de tarefa, respeitando-se, é claro, as limitações de cada um. A família com certeza deve ser parte deste processo que não é fácil superar sozinho. Infelizmente o que não ocorreu neste caso; com a perda da visão, teve que buscar sozinho mecanismos para vencer esta luta e não havia no município, serviços para o atendimento de pessoas com deficiência visual, nem mesmo os de orientação e mobilidade, que pudesse auxiliá-lo; então devido á necessidade de sobrevivência inerente ao ser humano, buscou soluções próprias para vencer suas dificuldades; relata que iniciou seu processo de busca pela independência primeiramente com uma antena de rádio, cabo de vassoura, canos de tubo PVC, enfim criou estratégias para que pudesse vencer a limitação em sua mobilidade causada pela perda da visão.
Foi criticado por utilizar-se destes recursos, pelo fato de caminhar sozinho, pelas ruas, em uma época que as pessoas com deficiência permaneciam dentro de suas casas; ele andava pelas proximidades de sua residência com seus recursos construídos manualmente, teve que vencer barreiras físicas (falta de acessibilidade) e humanas (preconceitos), sem apoio algum para recuperar sua independência
Hoje não se adapta as bengalas convencionais, utiliza-se dos recursos criados por ele complementando com ponteiras rolers utilizadas em bengalas comuns apesar de sua resistência; tem sido um enorme prazer aprender e conviver com uma pessoa tão rica em experiência, conhecer técnicas que desenvolveu para localização de obstáculos, proteções para seu próprio corpo durante a execução da locomoção, em esquinas, travessia de rua, enfim mesmo sem os recursos hoje disponíveis utiliza-se dos serviços de orientação e mobilidade com autonomia e segurança.
Hoje não se adapta as bengalas convencionais, utiliza-se dos recursos criados por ele complementando com ponteiras rolers utilizadas em bengalas comuns apesar de sua resistência; tem sido um enorme prazer aprender e conviver com uma pessoa tão rica em experiência, conhecer técnicas que desenvolveu para localização de obstáculos, proteções para seu próprio corpo durante a execução da locomoção, em esquinas, travessia de rua, enfim mesmo sem os recursos hoje disponíveis utiliza-se dos serviços de orientação e mobilidade com autonomia e segurança.
Pude conhecê-lo pela necessidade em aprender Braille; as vezes caminhamos juntos para trocar informações a respeito da locomoção, utilização e identificação do piso tátil, acessibilidade recente por ele até então desconhecida. Gostaria de saber audiodescrever com a sabedoria, clareza e habilidade de Lívia Motta (Audiodescritora), os seus gestos e movimentos corporais, quando demonstrava a forma de utilização de sua bengala na tentativa de proteger seu corpo, não é fácil o manejo de um recurso com mais dois metros, pois é desta forma que adquiriu segurança em seu caminhar.
ROSS, P R.. Educação e trabalho: a conquista da diversidade ante as políticas neoliberais. ROSS, . In: BIANCHETTI, Lucédio; FREIRE, Ida Mara (orgs.). Um olhar sobre a diferença: interação, trabalho e cidadania. 3. ed. São Paulo: Papirus, 1998.
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